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ENTREVISTA COM DANIEL CHIES, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE EMPRESAS FLORESTAIS (AGEFLOR)




Qual o perfil dos plantios e de quem cultiva florestas no Rio Grande do Sul, em termos porte, idade e potenciais destinos?

No Rio Grande do Sul, os plantios de acácia-negra, eucalipto e pinus são cultivados por um perfil heterogêneo de produtores. Temos desde pequenos proprietários rurais que buscam no cultivo a diversificação de suas propriedades até grandes empresas do setor florestal que abastecem indústrias. Em termos de porte, observamos uma diversidade interessante e cabe destacar uma característica do RS: a agricultura familiar, que inclui a silvicultura.

Quanto à idade dos plantios, a AGEFLOR, juntamente com as demais associações estaduais e a Ibá (que representa o setor nacionalmente) vem buscando aferir de maneira uniforme as idades dos plantios através do mapeamento de satélite, este é um dado que logo teremos para apresentar.

Em relação aos destinos dos produtos, observamos uma ampla gama de usos para atender mercado externo e interno. A madeira dessas espécies é utilizada para produção de papel, celulose, móveis, construção civil, energia renovável e diversos outros produtos. Há também os usos químicos derivados do tanino da casca de acácia e resina do pínus. A indústria é muito relevante para o volume de exportação do RS, arrecadação de impostos e PIB.

Há uma boa relação entre o setor privado e os entes públicos para o desenvolvimento sustentável do setor?

Com certeza. Temos uma relação bastante colaborativa entre o setor privado e os entes públicos no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável do setor florestal. Temos uma câmara setorial na Secretaria da Agricultura, o setor é proativo também junto ao Meio Ambiente, Desenvolvimento. Há um valoroso trabalho de pesquisa na Agricultura e lembrando ainda do necessário trabalho de Extensão Rural da Emater. Na Assembleia Legislativa, estamos com bastante abertura via Frente Parlamentar da Silvicultura. Além disso, muitas empresas mantêm parcerias com universidades, instituições de pesquisa e órgãos governamentais para promover a inovação e a sustentabilidade no setor florestal.

 

⁠Como o Estado se insere no incentivo da agricultura de baixo carbono?

Esse é mais um exemplo da boa relação do setor com o Estado. Temos aqui o Plano ABC + que é dedicado à agricultura de baixa emissão de carbono. Ele inclui os cultivos florestais, a integração lavoura-pecuária-floresta, entre outras atividades com a finalidade de reduzir as emissões. O setor florestal desempenha um papel importante nesse contexto. O cultivo de florestas plantadas é reconhecido como uma prática que contribui significativamente para a redução das emissões de carbono e para a captura de CO2 da atmosfera.

 

⁠Existe um incentivo por parte das empresas para o fomento florestal?

Sim, temos empresas do setor que estão fortemente engajadas no fomento florestal. Elas investem em pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas de cultivo, melhoramento genético de espécies, programas de capacitação para produtores e iniciativas de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. Cada uma tem um modelo particular e algumas empresas oferecem aos produtores mais de uma opção de modelo de contrato da parceria.

 

Ações voltadas para a integração entre lavoura, pecuária e floresta são uma opção para o desenvolvimento regional?

Sem dúvida, a integração é uma opção para o desenvolvimento regional e adequada ao contexto local. O ABC, em nível nacional, enfatiza isso possibilitando linha de crédito. Esses sistemas integrados oferecem uma série de benefícios, como diversificação de renda, aumento da produtividade, conservação do solo e da água, e redução dos impactos ambientais. Aliam benefícios econômicos, sociais e ambientais às propriedades.

 

O futuro do setor passa pelo desenvolvimento da bioeconomia? As empresas estão investindo em inovação e pesquisa de novos usos e produtos a partir das árvores cultivadas?

O futuro do setor florestal está intimamente ligado ao desenvolvimento da bioeconomia. As empresas estão cada vez mais investindo em pesquisa e inovação para explorar novos usos e produtos a partir das árvores cultivadas. Isso inclui o desenvolvimento de bioprodutos, biomateriais, biocombustíveis, produtos químicos renováveis e muitas outras aplicações.

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